SBH

SBH Comenta


“Radioembolization versus chemoembolization for unresectable hepatocellular carcinoma: a meta-analysis of randomized trials”


Radioembolization versus chemoembolization for unresectable hepatocellular carcinoma: a meta-analysis of randomized trials.

Onco Targets Ther. 2018 Oct 25;11:7315-7321. doi: 10.2147/OTT.S175715. eCollection 2018.

Ler artigo na íntegra

Comentários:

Dr. Fabrício Mascarenhas e Dra. Vivianne Mello


Quimioembolização transarterial (TACE) é atualmente o tratamento padrão para o Carcinoma Hepatocelular (CHC) intermediário,  sendo recomendado nos pacientes com doença restrita ao fígado, mas não passíveis de terapia cirúrgica ou ablativa, com resultados comprovados de benefício de sobrevida baseados em estudos randomizados e metanálises (1,2,3) . A radioembolização transarterial (TARE) consiste na embolização de partículas com Ytrium 90, levando à necrose  tumoral associada à emissão de radiação pela partícula.  Alguns estudos disponíveis  demonstram haver uma boa taxa de resposta objetiva com a TARE (4,5).


Recentemente foi publicada uma metanálise comparando TACE versus TARE  na população de CHC intermediário. Tal metanálise incluiu 3 artigos,  incluindo 49 pacientes com CHC intermediário submetidos a TARE e 48 submetidos a TACE. Destes  estudos, um deles foi considerado de qualidade moderada, e os outros dois de alta qualidade., com uma heterogeneidade significante dos trials na avaliação de progressão livre de doença.


Não houve diferença entre os grupos em relação a sobrevida em um ano (OR 1,31; IC 95%  0.56–3.04, P . 0.53) . O estudo também não mostrou diferença em relação à sobrevida livre de progressão em 1 ano (OR=0,23, IC95%: 0,02-2,45, p=0,022).  A taxa de progressão também foi semelhante entre os dos grupos , (OR=0.61, 95% CI: 0.14–2.70, P . 0.51), assim como a taxa de controle da doença (OR=1.80 ,95% CI: 0.51–6.30, P . 0.36) . Apesar de mais pacientes no grupo TARE terem sido submetidos a transplante, essa diferença não foi significante (OR . 0.68 95% CI: 0.23–2.01, P . 0.49).


A radioembolização pode ser utilizada com mais segurança que a TACE em algumas populações, como pacientes com obstrução portal, além de trazer a vantagem de ser uma única sessão. Se trata de um procedimento com um custo maior por procedimento, apesar de não haver análise de custo-efetividade em relação ao custo total do paciente em programa de quimioembolização.  Precisamos lembrar também que se trata ainda de uma tecnologia pouco disponível em nosso meio.


Este estudo é uma metanálise com poder questionável,  por se tratar de um número limitado de pacientes, além da falta de análise de sobrevida global, um objetivo primário importante em estudos oncológicos. Até o momento, não temos nenhuma evidência clara do real benefício dessa técnica no tratamento do CHC intermediário, considerando seu alto custo. Necessitamos de estudos mais robustos que indiquem vantagens da radioembolização, e em qual população esta traz mais vantagens para sua utilização na prática médica.

 

  1. Park J-W, Chen M, Colombo M, et al. Global patterns of hepatocel- lular carcinoma management from diagnosis to death: the BRIDGE Study. Liver Int. 2015;35(9):2155–2166.
  2. LlovetJM,DucreuxM,LencioniR,etal;EuropeanAssociationForThe Study Of The Liver; European Organisation For Research And Treatment Of Cancer. EASL-EORTC clinical practice guidelines: management of hepatocellular carcinoma. J Hepatol. 2012;56(4):908–943.
  3. Facciorusso A, Licinio R, Muscatiello N, Di Leo A, Barone M. Tran- sarterial chemoembolization: Evidences from the literature and appli- cations in hepatocellular carcinoma patients. World J Hepatol. 2015; 7(16):2009–2019.
  4. Pitton MB, Kloeckner R, Ruckes C, et al. Randomized comparison of selective internal radiotherapy (SIRT) versus drug-eluting bead transarte- rial chemoembolization (DEB-TACE) for the treatment of hepatocellular carcinoma. Cardiovasc Intervent Radiol. 2015;38(2):352–360.
  5. Kolligs FT, Bilbao JI, Jakobs T, et al. Pilot randomized trial of selec- tive internal radiation therapy vs. chemoembolization in unresectable hepatocellular carcinoma. Liver Int. 2015;35(6):1715–1721.
  6. Gardini A, Tamburini E, Iñarrairaegui M, et al. Radioembolization versus chemoembolization for unresectable hepatocellular carcinoma: a meta-analysis of randomized trials. Onco Targets Ther. 2018; 11: 7315–7321.



 

< voltar